Recolhi meus pertences
Dois livros velhos
Acho que James Joyce e Oscar Wilde
As coisas mudam de lugar
Mas, nem sempre se transformam
O pêndulo que ia e vinha
Feria-me no monótono transcurso
E continua ferindo-me agora
O que me deixa os olhos turvados
E os pés curvados (ou contorcidos)
E já não domino minhas ações
Perfídias involuntárias
Ou atos sobranceiros
A seta que me conduzia ao cume
Esqueceu-me de dizer que era o fastígio
da morte
Desferi contra meu peito o último
golpe
Que seria contra o teu...
Caminhei em círculos
Mas não se caminha em círculos
Despenca-se do ar
Mas uma alma chã não se despenca
de nada
Dissolve-se na própria finitude
E come do pó da própria ruína
Tarde de mais...
Dos últimos versos que escrevi
Li palavras ininteligíveis
Mas não se lê o ininteligível
Revirei os olhos sobre letras
desembestadas
Arrependi-me de tentar, em vão,
coroar o ato de quitar-te a vida
E...
Sorri
Sob certa [auto] comiseração
desalinhada
Tive pena de mim
Embebido no sangue achei tudo
engraçado
Mas era delírio
Ao ver que
Na verdade
A vida que eu, então, arrasara
Meu anjo, minha obsessão
Não era a tua
Que encontrou seu próprio caminho
Era a minha
Que despencou sobre o solo
No crepitar dos espinhos!
- Danillo Macedo -
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