sábado, 10 de setembro de 2016

Missa de réquiem


 



Come do lixo

Porque do lixo vieste e a ele retornarás

Bebe da sarja a que a vida te esfacela

Acende uma vela para o humor que te come a carne

Glorifica o verme que te vigia enquanto dormes

Goza do amor flácido

Triunfa teu último gole

Ama os louros fúnebres da tua última memória

Bebe desta melancólica alegria

Esquenta-te neste abraço que te esfria

Quando eras menino, sonhavas como menino

Agora que és homem, vês apodrecerem os sonhos

E persegues o sono

E tentas atravessar o espelho

E tentas ver sempre a mesma imagem

Que te foge, como te fugiram os sonhos de menino




Aceita perder, porque a vida é uma batalha perdida

Não se goza nenhum triunfo

Nem ricos, nem pobres

Goza-se as fugas de cada instante

Eternizados nos seus irrepetíveis momentos

Ali ficaram presos na redoma da Eternidade

E aquela vida abastada não acabou

E aquele banquete em família

E aquela família

E a casa, e o carro, e a conta bancária

Nem aquele que foi o último momento

Nem aquele amor bobo

Nada acabou

Porque tudo acaba e nada começou...


- Danillo Macedo -



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