ROSAS DE SEDA
Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie...
domingo, 31 de março de 2024
domingo, 18 de fevereiro de 2024
Reentrâncias
Sou uma alma cansada e me sinto bem na solidão
O silêncio é minha
casa e vejo muito mais o vazio em toda esta multidão
Somos seres
humanos passando por uma experiência espiritual
Mas porque
também somos seres espirituais passando por vivências terrenas
A dúvida pode
ser minha melhor opinião quando nada escuto
Mas se eu
procuro a verdade nas concavidades
Eu me ilumino na
escuridão...
Se tudo que é
verdade é tudo que pode ser visto ou notado por algum sentido
Então quero
perder todos os sentidos para que a verdade pura se estabeleça
A resposta do
sábio pode estar nestas estúpidas inconstâncias...
Porque vem do
mundo metafísico, vem das bordas, das suas reentrâncias...
By Danillo Macedo
18/02/2024
sábado, 13 de janeiro de 2024
Sentimento e razão
Sentimento e razão
São dois irmãos siameses
Cérebros diferentes
Mas os mesmos desejos
E o mesmo coração
Ambos andam na mesma direção
Personalidades opostas
Mas se um tenta passar por cima do outro
Sucumbem ao fracasso
Quando logram comunicação
As decisões são sábias
Equilibradas
Contornam seus obstáculos
Reparam quaisquer danos
Ninguém pode gritar mais alto
Pois não podem trilhar diferentes caminhos
Sabem que ouvir é mais importante que falar
Se o sentimento não dá ouvidos à razão
Os danos podem ser irreparáveis
Decisões puramente racionalizadas
Perdem a cor e o encantamento
E a vida fica tão árida vazia de sentimento
Muitas vezes, o amor é mais importante que a razão
Mas, amar é também pensar e pensar é também amar
O Bem e o Mal moram na mesma casa
E o prazer é o amigo íntimo da dor
Vida e Morte casaram-se
E somos seus eternos convidados
Saber pensar e sentir é aceitar o convite da Vida
E vivê-la, ao mesmo tempo, com sabedoria e intensidade
O mundo tem perdido a razão para a imbecilização da consciência
São inúmeros os exemplos pelos veículos midiáticos ou pela Literatura
Vinganças machadianas
Precipitações como no caso drummondiano da Morte do leiteiro
A impassibilidade humana em Uma vela para Dario de Dalton
Trevisan
A violência intestinal como nos contos de Ruben Fonseca
Como nos contos de terror de Horacio Quiroga
Fernando Sabino e sua crônica dramática
O homem que havia morrido de fome em pleno centro de uma cidade
Por ali passavam milhares de pessoas
Certa vez, li no jornal uma notícia cuja manchete dizia:
“mãe assassinada a golpes de faca
na frente dos seus três filhos pequenos”
Três crianças pequenas, na formação embrionária da consciência
Seres que sentiam, que teciam seus primeiríssimos pensamentos
Seres que tinham na mãe seu referencial de acolhimento, de amor
A sua “heroína”
Por mais cheia de defeitos que ela poderia ser
Não é novidade o esvaziamento da alma do outro para que se torne coisa
E, como coisa seja tratado
Ora para que seja escravizado, ora pelo embalo de outro sentimento detestável
Aquele que desumaniza, já se desumanizou
Aquele que coisifica, já se coisificou
Aquele que não vê a alma alheia, já perdeu a sua própria
Congelado num torpor que lhe esteriliza a razão
Em Vidas Secas, de Graciliano Ramos:
A secura dos seres os torna bichos ou coisas
Mas os bichos podem ter sentimentos mais afáveis que de seres (ditos
humanos)
Assim, perde-se a razão e a capacidade de administrar os próprios
sentimentos
Alguns de nós conseguimos
enxergar além do que vemos
Desprendemo-nos da matéria
orgânica presa pelas correntes do tempo físico
Superamos a frialdade das substâncias
mórbidas
Animamos nossa própria
desesperança
Acendemos uma luz pálida onde
impera a tépida escuridão
Mesmo onde já se tem instaurado
o lodo caótico
Encabeçado pela desordem,
incerteza e dor
Sentimentos desordenados trazem a
imbecilização da razão
Sem alguma companhia de
sentimentos, a racionalidade pura nos sufoca
Deve um acolher o outro, é uma
vida de cumplicidade
O Ser, pois, supera seu estado
de coisa e restabelece seu estado de integridade
Onde houvesse amor com sabedoria, tudo floresceria
Ah, este, o Amor, de quem Platão já tão comentara em seu clássico O
Banquete!
Este, que o mestre dos mestres tanto primou por nos exemplificar
Este que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
O Amor não tem sexo ou religião
Muitas vezes se sacrifica ao invés de sacrificar
Se, acaso falte conhecimento ou hesite a racionalidade
Este, o Amor, fortalece o estado do Ser
Faz-nos maiores e mais fortes que as tempestades
Enaltece o ser-pensante, porque recupera seu discernimento
E, por fim, traz de volta a luz, a vida...
E supera toda a angústia que quase nos coisificou!
By Danillo Macedo
Goiânia/Edéia, 13 de janeiro de 2024
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
Esterquilínio
Não me esforcei para
determinar em fazer o que fiz e fazê-lo
Não foi por falta de
dinheiro como Mário de Sá Carneiro
Converti-me nisto de
cicuta ou cianeto
Na escrivaninha,
somente livros
E uma substância letal
Pensei em tomá-la, mas
certa vez vi uma barata estrebuchando no chão sob efeito desses entorpecentes
entomológicos
Foi quase a paixão de
uma epifania
Tal qual de G.H. com o
pomo da barata e, não quis, enfim, ter um desfecho tão escatológico como o de
Sá (ou o da barata)
O pai mantinha guardada
uma FN Herstal calibre 7.65
O mesmo modelo usado
por Gavrilo no assassinato de Franz Ferdinand e Sofia
Esta, sim, seria uma
arma ideal
A um final digno de um
moribundo de alma
Sêneca foi “suicidado”
Virginia Woolf se
afogou (de propósito), enchendo o casaco de pedras e entrando num rio
Freud a salvaria, ou
melhor, Lacan, pois Freud já estava morto
Eu teria, ao contrário,
a morte digna de Hemingway e outros que o valham
Poderia cometer um
crime passional, mas não sou desses que botam a culpa nos outros
A culpa era toda minha
Um coração condigno não
pode embair-se com sentimentos quiméricos
Fui ao quarto de meu
pai, pela manhã
Após tê-lo acompanhado
até a saída
Sentei-me na cabeceira
da cama (dele)
Chorei um choro seco
Pensando em tudo quanto
poderíamos ter vivido
Abri o criado-mudo
Peguei a FN Herstal
Destravei-a
Coloquei a extremidade
do cano contra o céu da boca
Levantei-me
Fiquei de frente para o
espelho
Olhei-me nele por
alguns segundos
E fiquei imaginando
como seria meu cérebro espalhado pelo chão, pregado no espelho, na parede: uma
cena de Hannibal
Refletir causa muita
dor
Devanear é pensar sem
rumo para se esquecer de qualquer coisa
Mas, a reflexão também
dá rédeas à razão
Que criou uma corrente
contra a exacerbação dos meus desejos
Excesso de encômios não
equivale a demasiado amor
Senão a demasiado
desejo
Isso pode ser bom ou
ruim
Bom é fruir o gozo
Mas do lodo, fui
Tântalo
De Orfeu, o grito oco
No limbo esquálido, fui
Tarobá
Colecionamos frases do
quanto não sabemos nada do amor...
Ela havia se entregue a
um “amor” onfalópsico...
Crio amores neoplatônicos
E isso é coisa de bovarismo
Só que um bovarismo sem adultério
Ou sem o sexo hedonista
do epicurismo
Isso é coisa que
inventei...
Não precisei me matar
Eu já estava morto
Essas elucubrações em
frente ao espelho
Fizeram-me voltar atrás
Elas próprias mataram
aquele estouvado que eu chamava de “amor”
Que é isso de amor?
Que paira sobre o
telhado aguado, mas não encontra pouso?
Que é isso de amor?
Que vive acorrentado
pelos olhos, mas não deixa a luz acesa?
Que é isso de amor?
Que não sabe que horas
são, mas lamenta por todos já terem ido embora?
Que é isso de amor?
Quis atravessar o
espelho para alcançar o lado avesso de mim e limpar a sujeira por dentro
Mas não precisamos de
espelho para tanto
Ele tenta, contumaz,
nos proporcionar o que não vemos do lado de fora
Meus olhos não me veem
face a face, não se veem
O espelho é só uma
sombra que nos deforma
E nunca nos dá em
reflexo precário o que realmente somos
Espelho da face são os
olhos alheios
E ver a si mesmo por
dentro vai além da física vulgar ou dos olhos dos outros
Vê-se pelo espelho do
intelecto, da psique, do espírito
Este, por sua vez, reduziu-me
a esterquilínio
Mas, das cinzas o metal
precioso
O fogo só consome o que
não é fogo e também o que é mais fraco que ele
Do esterquilínio vieram
formas que não se decompõem
E, do esterquilínio, eu
me recompus!
By Danillo Macedo
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
O sinônimo de amar
O verbo
amar não tem antônimo
Quem não
ama, não ama, apenas isto
Não
significa que odeia
Porque
odiar nem sempre é ruim
Posso odiar
o mal, a injustiça...
Assim como
ter coragem não significa ser bom
Posso ter a
coragem de fazer o mal
E temer a
Deus não me faz medroso
Talvez o
medo me faça cauteloso
Não há, a
priori, sentimentos bons ou ruins
Mas, o
controle bom ou ruim dos meus sentimentos
Sentir é
sempre bom e quase sempre melhor que pensar
Basta saber
sentir e saber pensar antes de agir
Quando olho
para você, alimento-me do seu olhar
E quando a
distância nos separa, o sentimento nos une
E ficamos
mais próximos um do outro
Mesmo que
muros sejam erguidos entre nossos corpos
As nossas
almas se atraem
E
confrontam o tempo e a matéria
Porque o
amor não tem sinônimo
E se
tivesse alguma coisa com que comparar
Seria
aquele devaneio próximo ao que chamam de gozo
Que seria
aquele prazer requintado ao pensar em você
Ah, se
houvesse alguma coisa com que comparar...
Seria
semelhante a quando me perco em seu olhar!
By Danillo Macedo
28 / 12 / 2023
domingo, 3 de dezembro de 2023
domingo, 26 de novembro de 2023
Movência
CLIQUE PARA ASSISTIR/OUVIR MINHA LEITURA:
Somos a
consciência física do momento presente
Não
acessamos passado e futuro
A não ser
pelos vestígios...
Vestígios que
indicam para trás
Que excisam
novos caminhos
Somos a
consciência...
Mas uma
movência há além de nós
Além da
existência aparente...
Porque
aquilo que não pode ser visto pelos olhos humanos não se corrói...
Ela tem
forma de nuvem e gosto de amor
Às vezes, te
ensina pelo prazer
Às vezes, te
mostra o caminho da dor
Todo o
mundo está na pupila de Deus
O embrião é
o portão para a vida terrena
A infância
é a materialização da alma
E morrer
significa desnascer...
Quando o
corpo vira um bilhete de despedida
Ou uma
carta carregada de memórias
Quando a
alma vira um sopro e os anjos a detêm
Embarcam
num barco levado pelo vento
Pelas
substâncias de que são feitas o Além
Então somos
refeitos
Enquanto Ela
permanece
Seu plano
etéreo pelas coisas que fazem a Terra
E assim
seguimos por eras e eras...
Somos a Consciência...
Somos parte
desta Movência...
O sonho é o
mais próximo do Paraíso
A Terra é o
mais próximo do Inferno
Vivemos
entre aquilo que é líquido
E aquilo
que é sólido e eterno...
Na medida
em que o tempo se desmancha entre os dedos
Como a
areia que se desfaz
Temos
sempre a oportunidade de fazer de novo
De pedir
perdão, de seguir em frente, de encontrar a paz...
Sim, a Movência
tem forma de nuvem
E gosto de
abraço, gosto de Amor
Às vezes,
ela te ensina com um sorriso
Às vezes, te
mostra o caminho da dor!
By Danillo Macedo – 26/11/2023
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Os sete dias de um sonho divino
Minha leitura de meu poema narrativo filosófico, religioso, histórico, geológico, científico etc. Aos 15/11/2023 - Duração média: 7 minutos! Danillo Macedo:
Quatro bilhões
de anos permaneceu a Terra em silêncio profundo
Entre o fogo, a
sombra, a morte, a névoa, o abismo e o vazio
Até que Deus
percebeu que poderia dar nova forma ao mundo
Pensava Deus em
quê e como fazê-lo
Justamente para
fazer com perfeição
Por quatro
bilhões de anos Deus planejou o Universo
Sim, Deus
planeja, pensa e sente...
Mas, o tempo de
Deus não é o tempo do Homem
Quatro bilhões
de anos pensando, pensando, pensando...
Todo este
tempo...
Excelente
planejamento...
Deus: arquiteto
do Universo, puro pensamento...
O tempo de vida
humana, para Deus,
Tem a mesma
duração de um espirro...
Deus não criou o
dia em seis dias humanos...
Mas, em seis
dias divinos...
Por cerca de 300
milhões de anos humanos Deus preparou a estrutura da Terra
Criou os
primeiros seres
Procariontes,
eucariontes
Artrópodes,
moluscos
Anfíbios, peixes
Répteis...
Traçou na
superfície terrestre os primeiros biomas aquáticos
Deu à Terra os
oceanos e as suas primeiras bacias hidrográficas
A Terra ainda
era sem forma e vazia
Mas, com toda a
serenidade, Deus a fazia
Por milhões de
anos humanos o espírito de Deus pairou sobre a face das primeiras águas
Conforme as
horas divinas passavam, Deus espalhava sobre a Terra os primeiros seres
viventes
Desde o inseto
mais inócuo, até os monstros marinhos ou as serpentes
Distribuiu sobre
a Face da Terra os diversos ecossistemas
Tanto quanto as
estrelas governantes da Noite, quanto o Sol, o grande astro, rei, imperador do
Dia
Assim criou reinos
como os Plantae e Animalia...
Assim criou seus
filos, classes, ordens, famílias, gêneros...
Cada qual com o
poder da multiplicação e preservação da própria espécie...
Assim, passaram-se
quase seis dias divinos completos, que equivalem, na verdade, a um pouco mais
de 600 milhões de anos humanos
Até então, não
criara Deus, o ser humano, antes que terminasse o sexto dia divino, para que
fosse o governador de toda a sua criação
Aquele que, caído
no enlevo da sobranceria, fez culminar milhares de narrativas de origem da Existência
Sobretudo
aquelas do pecado, da tentação, que atravessaram as gerações humanas, as
diversas civilizações
Que fez Cabral
achar que os indígenas não tinham pecado por estarem nus
Que fez Machado
supor que, caso não houvéssemos corrompido o plano original da criação divina,
nasceríamos já deificados...
Que fez Platão
propor que a alma é a vida divinizada num corpo “animado” por ela enquanto dela,
mas cujo magma está no espírito eterno cuja substância é a mais próxima
possível daquela do mundo das ideias...
Na tradição
védica, este magma levaria, após uma vida de respeito ao Dharma
Ao último dos
“purusharthas”
À libertação do
“Sansara”: do eterno ciclo de morte e reencarnação
O grande
“Moksha”
O que seria, de
Cristo, a plena Salvação
Sim, um dia
divino equivale a cerca de 100 milhões de anos humanos...
O dia divino da
criação do Gênesis abrange, na verdade, dentro de éons, longas eras, períodos e
épocas...
Se Deus criou o
mundo, e o Homem, no crepúsculo do seu sexto dia, posto no mundo sob a condição
de não pecar, tendo pecado,
Deus haverá de
recriá-lo...
E, assim,
estamos vivendo dentro do pensamento de Deus...
Somos personagens
do pensamento divino que, neste momento, cogita novas criaturas, para novas
eras...
Dinossauros são
seres do período de planejamento divino da criação da Terra
Em um período
anterior ao sexto dia etéreo de criação da espécie humana
Há cerca de 1,8
milhão de anos humanos atrás, surgiu o Homem
Na tardinha do
sexto dia divino
Diz a Bíblia
que, no sétimo dia de toda sua criação, Deus descansou
Eu diria que estamos
no meio da noite do sexto dia e que o sétimo dia, ao findar de 600 milhões de
anos, ainda não chegou...
A narrativa do
Gênesis seria, portanto, essencialmente enigmática, parte profética, parte metafórica
Porque o Homem
não apenas pecou, ele segue pecando...
Segue
lançando-se sobre a “árvore” do conhecimento do Bem e do Mal
O que significa
lançar-se sobre seus próprios instintos pueris...
O Homem não foi
condenado ao trabalho extenuante, ele segue colina sisífica acima, trilhando
sua própria estrada cujo destino é sua destruição...
Quando, enfim, a
última Noite, a do sétimo dia, chegar, a Terra terá cumprido seu ciclo de 700
milhões de anos humanos...
Que terão sido
os sete dias de um sonho divino!
By Danillo Macedo
terça-feira, 10 de outubro de 2023
Somos todos miseráveis
E ponde na cobiça um freio duro,
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente:
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
by Danillo Macedo
Postagem em destaque
Ela e Ele
Declamação para o dia da poesia, TV UFG: https://www.youtube.com/watch?v=D1peN0HQtAE Acabei por achar sagrada a desordem do meu espíri...
-
CLIQUE NO LINK PARA ACESSAR O VÍDEO: https://drive.google.com/file/d/1-KiCdzsSY2wwzT8OFGlIIMBVa14Gik8E/view YOUTUBE/DIA DA POESIA OUT/2023...
-
Vou comentar o que entendi desta linda música interpretada por Zeca Veloso e que foi composta por Caetano Emanuel Viana Telles Veloso / Tom ...